terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Revolta no resultado do Edital BNB 2011

Com muita expectativa aguardei uma contemplação pelo terceiro ano consecutivo no programa BNB de Cultura, sem sucesso. Acho uma iniciativa muito boa para o nordeste. Mas quero falar em nome de todos os artista do Maranhão inscritos.

É com extrema incompetência que a comissão de avaliação de projetos mostrou que não é preparada para analisar propostas. Achei surpreendente mesmo tendo Lei Federal de Incentivo e o projeto muito bem elaborado e estruturado não ser contemplado. E olha que enviei três projetos aprovados na Lei de incentivo a cultura no Maranhão, um fato inédito.

A categoria teatro deveria abranger projetos que visem levar diversidade temática e artística a sociedade, formando platéias para casas de espetáculos ou espaços alternativos. A categoria artes cênicas apresenta uma patologia moral há várias edições do BNB. Desprestigia os proponentes de projetos essencialmente cênicos oriundos de processos de criação voltados para interpretação dramática.

Claro que as manifestações populares também compreendem o critério de representação dramática. Mas não é texto. Pelo menos dramaturgia não é. Talvez os pareceristas do BNB sejam caducos ou lesados. Provou-se como se exerce o maior grau de incompetência ao beneficiar projetos de cunho popular que tem apelo de imagem por agregar patrimônio imaterial e memória histórica.

Bom mas aí fica óbvio que o que importa não é investir na cultura e sim fazer marketing com a cultura. Outro erro grave.

Tiraram a possibilidade não apenas minha, mas de outros artistas inscritos que acreditam na possibilidade de incluir suas produções no circuito nacional.

Perdemos para o as Fundações beneficentes, maquiadoras de projetos, que dão um copo de mingau de milho com meia dúzia de brincantes, e olha que alguns dos contemplados em cênicas são especialistas em maquiar projetos.

Uma postura indigna desta que prometia ser uma das melhores edições do BNB, se tornou um fiasco, provando que há interesse particulares entre os pareceristas e os contemplados, e é óbvio que há.

Sugiro que leiam os grandes mestres do teatro, procurem saber quem foi Shakespeare, Beckett, Artaud, Nelson Rodrigues, Arthur Azevedo, Arrabal, Hilda Hilst e por aí afora.

Quando chegarem as suas mãos projetos assim, não descartem logo pra reciclagem em prol da cultura popular. Criem uma categoria especifica para as artes populares e deixem de desprestigiar as reais produções das artes cênicas. Estudem o conceito de teatro, encenação teatral e interpretação dramática. Procurem saber o que é a caixa cênica.

Não pensem que projetos voltados para os teatros não tem apelo por ser feito a pequenas multidões.

Respeito a cultura popular e o folclore brasileiro. Mas para os incompetentes de plantão. Isso não é teatro!!!

E na sociedade atual da alienação, do consumo desenfreado e da fragmentação das relações humanas, a retomada do texto se faz importante. O espetáculo que ao ser apoiado vise a espetacularização de imagens pelo corpo, dança e canto invadem a alma e elevam o espírito humano, mas não tem o mesmo poder do texto falado que pode ou não ter ação física ou dramática.

Vejam a diferença entre Artes Cênicas e Culturas Populares e torço pra que não repitam este fiasco. Pois ano que vem concorrerei de novo e se este disparate se repetir estará provado que o proponente de projetos teatrais vai ter que torcer muito pra nascer outro banco que se preocupe com a economia da cultura no Maranhão.

Waldir Fernandes

Produtor Artístico

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